Caminhões que utilizam roscas no lugar de rodas – passam por quase qualquer coisa

A ideia de utilizar “parafusos” no lugar de rodas em alguns veículos não é nova. A primeira vez que isso apareceu foi em 1868 pelas mãos de Jacob Morath, que construiu uma máquina agrícola utilizando essa técnica. Apesar de não ter se desenvolvido na época, na década de 1920 ela ressurgiu em tratores Fordson, posteriormente durante a Segunda Guerra Mundial em veículos militares e no período pós guerra em um veículo chamado Amfirol, sendo esse um dos primeiros com a tecnologia de roscas a fazer relativo sucesso.

Amfirol

O Amfirol era um veículo do tipo rover, capaz de se locomover em vários tipos terrenos. Projetado por Jo de Bakker, eram veículos que utilizavam mecânica DAF, sendo dois motores a gasolina acoplados a duas caixas de transmissão variáveis retirados dos carros da marca holandesa.

Evolução do Amfirol

Posteriormente outro modelo do Amfirol foi construído, maior e mais parecido com um caminhão tradicional. Ele operava em uma região alagada com terreno argiloso, que não suportaria outro veículo senão um equipado com tração de rosca, para não afundar na maciez da lama.

Mesmo assim não foram veículos populares na Europa Ocidental, diferente do que aconteceu na União Soviética. Por ser uma região com pouca infraestrutura rodoviária e muitas regiões cobertas por florestas, pântanos e lagos, os soviéticos investiram nesse tipo de veículo. Um dos mais importantes foi o ZiŁ 4904 (que abre esse artigo) e a construção dele está intimamente relacionada com a corrida espacial entre URSS e EUA.

Explicamos: um dos problemas enfrentados pelos engenheiros espaciais soviéticos foi a recuperação dos cosmonautas após o pouso. Diferente dos voos espaciais de hoje, na época não havia a possibilidade de pousar com precisão em um ponto pré-determinado e a cápsula com o pessoal poderia pousar no outro extremo do país, literalmente no meio do nada. Por esta razão, o programa espacial soviético precisava de um veículo capaz de cobrir qualquer terreno, e em 1972 começaram os trabalhos no projeto PEU-3, que poucos meses depois se transformou no ZiŁ 4904.

O 4904 utilizava dois motores emprestados de um caminhão militar da própria ZiŁ, V8 de sete litros com potência de 180 cv cada um. Eram acoplados a duas caixas de velocidade automáticas. Isso significa que cada parafuso era independente e também era dessa forma que eles faziam curvas (como nos tratores com esteiras). Por isso não havia volante na cabine, a direção era feita por dois controles.

Cada hélice tinha 5,99 metros de comprimento e 1,2 metros de diâmetro, fabricados de uma liga metálica extremamente resistente à corrosão. Todo o veículo tinha 8,28 metros de comprimento, 3,2 metros de largura e cerca de 3 metros de altura. Além de tudo isso, havia uma distância ao solo de até 1,1 metros. A cabine do motorista era em fibra de vidro e tinha lugar para três pessoas. O 4904 tinha apenas sete toneladas e capacidade de transportar 2,5 toneladas. O tanque de combustível comportava 1200 litros, já que o consumo era de 80 litros a cada 100 km.

Os testes com o ZiŁ-4904 tiveram resultados positivos e negativos. Ele teve um excelente desempenho andando em terrenos com neve, florestas, pântanos e até na água, apesar de não manobrar muito fácil em terrenos lamacentos. Por outro lado, não se deslocava bem em terrenos duros por conta do desgaste excessivo das brocas. Aliado a isso, problemas na lubrificação dos parafusos levaram elas a um gasto maior rapidamente. A velocidade máxima de 7 km/h em terra ou 10 km/h na água. Os testes foram até 1978, quando o projeto foi concluído. Ao que tudo indica, ainda existe exemplares do ZiŁ-4904, como demonstra a foto abaixo que encontrei.

FONTE e Artigo Original Clica Aquí No blogdocaminhoneiro.com

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