
Imagem de Google Gemini
Luciano*, motorista profissional, vive um pesadelo que começou em junho de 2016, quando realizou um exame toxicológico para renovação de sua habilitação no laboratório credenciado pela ANTT. O resultado, para sua surpresa, indicou positivo para cocaína, com 1.323 pg/mg, apesar de Luciano afirmar nunca ter usado a substância. “O mundo caiu. Sou motorista profissional, nunca vi cocaína na minha frente”, relatou.
Consultando o advogado da empresa onde trabalhava, Luciano enfrentou descaso. O advogado sugeriu esperar de 90 a 180 dias para refazer o exame, sem dar a devida atenção ao problema do caminhoneiro. Determinado a provar sua inocência, Luciano realizou um novo exame no mesmo laboratório, que deu negativo, mas já era tarde: a empresa o ignorou, deixou de pagá-lo, e, sem condições de sustentar os três filhos pequenos, ele pediu demissão. “Fiquei em crise, sem instrução, sem pagamento, e entrei em depressão”, desabafou.
O caso foi parar na Justiça, onde o juiz determinou um terceiro exame de contraprova em outra cidade. Sem recursos financeiros, Luciano precisou recorrer a empréstimos para custear alimentação, passagens e o exame. O resultado, como esperado, foi negativo. Apesar da decisão judicial ordenando a devolução imediata da habilitação pelo Detran-RJ, o órgão se recusou a cumprir, alegando que a lei exigia aguardar 180 dias devido ao primeiro resultado positivo.
A situação gerou consequências devastadoras. Luciano enfrentou difamação por parte de colegas, ex-patrão e até familiares, além de olhares de desconfiança na cidade. Desempregado e em dificuldades, ele se mudou para uma cidade vizinha, onde conseguiu um emprego na prefeitura, omitindo parte de sua história para evitar preconceitos. Trabalhando isolado na zona rural, Luciano lutava contra a depressão.
A batalha judicial continuou. O juiz aplicou multas diárias de R$ 1 mil, posteriormente aumentadas para R$ 2 mil, ao Detran-RJ por descumprir a ordem de liberar a habilitação. Luciano enfrentou novos obstáculos, como a exigência de uma perícia médica em outra cidade e um exame neurológico em Niterói, a 300 km de onde mora. Mesmo com um acidente no trajeto e um atraso de cinco minutos, ele conseguiu realizar a perícia após intervenção do advogado. O exame neurológico foi enviado pelo correio, após muita negociação, devido à falta de recursos.
Finalmente, Luciano recuperou sua habilitação, mas as consequências persistem. Desde 2016, o processo judicial se arrasta, com empresas recusando contratá-lo devido ao histórico do exame toxicológico e ao processo em andamento, além de restrições de seguradoras de cargas. O laboratório, contatado à época, afirmou não haver erros em seus procedimentos e se recusou a realizar nova contraprova.
Hoje, Luciano trabalha na prefeitura por um salário inferior ao mínimo, ainda lidando com as cicatrizes emocionais e financeiras de uma batalha que, segundo ele, “parece não ter fim”. O caso levanta questões sobre os impactos de erros no exame, em processos judiciais e na vida de trabalhadores.
*O nome completo do caminhoneiro foi omitido.
Fonte; Clica Aquí No blogdocaminhoneiro.com















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