Mulheres motoristas fazem a diferença na estrada

As mulheres motoristas estão fazendo a diferença no transporte rodoviário de cargas. É cada vez mais comum encontrá-las na estrada. A nova realidade é importante diante de um cenário preocupante de falta de motoristas no Brasil. Apesar das mulheres estarem mais presentes no transporte os números ainda são baixos e falta incentivos para atrair o sexo feminino para a profissão.

Dados do Ministério das Cidades indicam que o número de mulheres aptas a dirigir veículos pesados está em torno de 150 mil. Apesar do crescimento registrado nos últimos anos, o número ainda representa menos de 7% das 2,3 milhões de pessoas habilitadas a dirigir caminhões e carretas no Brasil.

Um dos prováveis motivos para isso é apontado na pesquisa “Realidade e desafios das caminhoneiras nas estradas”, realizada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), onde quase metade (48,6%) das caminhoneiras afirmam se sentir insegura nas estradas, avaliando como péssimo ou ruim as condições de segurança dos pontos de parada e descanso e dos postos de combustíveis.

Ainda de acordo com o estudo, apenas 11,1% das motoristas de caminhão relataram nunca terem sofrido preconceito com a profissão, enquanto somente 22,2% das entrevistadas disseram nunca terem sido vítimas de assédio sexual. Já a maioria das profissionais (87,5%) apontam que frequentemente têm sua capacidade subestimada pelo fato de serem mulheres.

Mesmo com todas as dificuldades, as mulheres estão felizes com a profissão e acreditam em melhorias a partir do aumento da presença feminina no setor.

Mulheres motoristas: organização e manutenção são alguns dos diferenciais 

“Alguns acham que a gente não tem capacidade ou está ali só para fazer bonito. As mulheres são importantes como caminhoneiras porque o ponto de vista é outro, às vezes o que um homem não dá importância, para nós é crucial. A mulher, por natureza, costuma gostar de ver tudo organizado e limpo, então isso ajuda para tudo estar no devido lugar. A manutenção do veículo é um exemplo”, afirma.

A principal motivação de Márcia para ingressar na profissão foi a vontade de dirigir, viajar e conhecer vários lugares. “Além disso, tinha que trabalhar para sustentar eu e minhas filhas. O sonho foi crescendo conforme a necessidade também de ganhar mais dinheiro”, declara Marcia.

Mulheres motoristas: preconceito ainda atrapalha o dia a dia 

Na opinião de Criciana Amorim de Souza, de Porto Velho/RO, ainda existe muito sofrimento para a mulher na estrada mas mesmo assim incentiva o ingresso delas na profissão. “Escolhi ser caminhoneiro pois na época meus dois filhos já estavam grandes e estava a procura de um trabalho. Porém nada me chamava atenção. Então passei a me interessar ela profissão. E, de fato, existem muitos pontos positivos como a remuneração, os lugares e paisagens que você conhece ao longo do caminhão. Porém, algumas mudanças são necessárias”, destacou.

No caso das mulheres, Criciana acredita ser urgente a disponibilidade de banheiros adequados em postos de serviços. Outro ponto seria o governo olhar para a categoria, tão importante para o País, e oferecer na estrada locais com estrutura para atender os caminhoneiros.

“Além disso, ainda sofremos um pouco de preconceito. Ainda escuto alguns homens com aquelas falas machistas do tipo “você deveria estar pilotando fogão”, mas isso não é um fator de desanimo para mim. Somos fortes e estamos lutando pelo nosso espaço. Tenho uma colega que é caminhoneira e trabalha para poder dar qualidade de vida para o filho deficiente. Estamos na estrada para trabalhar. É preciso respeito”, opinou.

Apesar de alguns desafios, Criciana acredita que vale a pena correr atras do sonho e ser motorista. “A mesma capacidade que os homens têm nós temos. E as vezes até melhor pois somos mais prudentes no trânsito, atenciosas. Os caminhões hoje são cheios de tecnologias e conforto. Para as mulheres que querem ingressar na profissão eu digo para dar o primeiro passo e não desistir”, concluiu.

Mulheres motoristas: persistência e sonho motivam o ingresso na profissão

“Escolhi ser caminhoneira porque era um sonho desde criança. Meu pai tinha um desejo de ter uma transportadora e ficávamos imaginando os caminhões, para onde iriamos viajar, aonde nos encontraríamos para comer junto. Mas com a morte do meu pai todos esses sonhos foram interrompidos e ficaram adormecidos em mim por alguns anos”, contou Luciana Maria Maciel, 47 anos, Rio do Sul/SC. Atualmente no transporte internacional.

Em 2019 incentivada pela filha mais velha, Luh decidiu correr atras da vontade de ser motorista e alterou a CNH para Categoria C. Porém, no ano seguinte com a pandemia as oportunidades diminuíram e sem experiência ficou difícil encontrar um trabalho. Em 2021 decidiu trocar para Categoria E, enviou currículo para algumas empresas. Uma delas sinalizou positivamente para ela, ofereceu curso de doze dias na Fabet e após esse processo iniciou o trabalho.

“Fui para a minha primeira viagem cheia de medos, inseguranças. E apesar de ter sido um grande desafio eu sabia que havia nascido para ser caminhoneira. Essa profissão trouxe muitos pontos positivos. Eu sou mais feliz, faço o que eu amo, posso dar um estudo de qualidade para minha filha. Se eu pudesse mudar alguma coisa na profissão para ficar ainda melhor eu mudaria a opinião das pessoas sobre os motoristas. Gostaria também que tivesse lugares com estrutura para a gente poder parar com tranquilidade e segurança. Mas não existe no mundo algo que possa te fazer parar. Se você tem um sonho corra atrás”, destacou.  

Mulheres motoristas: trabalhar no que se ama faz toda a diferença 

Elijane Wosniak, 20 anos de profissão, de Porto Velho/RO, também iniciou na infância a vontade de ser caminhoneira. “Sempre fui apaixonada por caminhão e brincava com meu irmão. E essa profissão trouxe muitas coisas positivas na minha vida. O principal é o fato de estar fazendo algo que eu amo. E tudo que fazemos com amor se torna satisfatório. Se eu tivesse que escolher outra profissão seria para mexer em caminhão. Não consigo me imaginar em outro mundo. Por isso sempre digo para as mulheres que me perguntam sobre a profissão: lute pelos seus objetivos e sonhos e não deixe que nenhuma dificuldade abale essa vontade. Acredite sempre em você e não tenha medo.

Há oito anos na profissão, Beloni Carboni, de Rondonópolis/MT, diz que gosta de ser motorista e que a profissão mudou a sua vida.  “Eu era dona de padaria e sempre tive vontade de sair  pela estrada. Havia renovado minha categoria duas vezes, mas nunca tive incentivo e nem oportunidades. Mas consegui uma chance e isso melhorou tudo em minha vida e me tornei independente”, contou.

Para as mulheres que pensam em ingressar na profissão, Beloni oferece incentivo. “Corra atrás de seu sonho. E tenha coragem.  Para tudo tem seu tempo. O medo a gente enfrenta no dia a dia. Sou muito feliz com o que eu faço. Amo minha profissão e ser caminhoneira. Hoje eu e meus filhos sentimos orgulho”, finalizou.

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FONTE: ocarreteiro.com.br

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