Operação Sem Reservas desmantela quadrilha que enganava turistas com pousadas falsas em Pirenópolis

Desdobramentos da operação

As prisões foram realizadas pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) – (crédito: Kleber Lima/CB)

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deu mais um passo significativo no combate ao crime organizado ao realizar a terceira fase da Operação Sem Reservas. A operação, ocorrida nesta terça-feira, 16 de dezembro, tem como alvo um esquema interestadual de estelionato e lavagem de dinheiro que envolvia a criação de falsas pousadas em Pirenópolis, Goiás. A ação é um importante marco na luta contra o crime, especialmente no que diz respeito ao uso da tecnologia para enganar e roubar cidadãos.

A ação policial resultou na prisão de cinco pessoas ligadas ao golpe, elevando o total de detidos para 16 desde o início das investigações. As prisões foram efetuadas pela 18ª Delegacia de Polícia de Brazlândia, com mandados de prisão temporária e busca domiciliar sendo cumpridos em Goiânia (GO), Belém (PA) e Taboão da Serra (SP). A operação contou com o apoio imprescindível das polícias civis locais, demonstrando a cooperação efetiva entre as forças de segurança de diferentes estados.

Como funcionava o esquema

As investigações revelaram que a quadrilha tinha uma estrutura organizacional bem definida, com funções claras para cada membro. O foco principal do grupo era o estelionato virtual, onde eles clonavam sites e perfis de redes sociais de pousadas verdadeiras em Pirenópolis. Com isso, induziam as vítimas a efetuarem pagamentos antecipados por hospedagens que nunca existiriam, configurando um golpe sofisticado e bem orquestrado.

Após os golpes, o dinheiro era transferido para contas bancárias de terceiros, tornando-se alvo de complexos processos de lavagem. A principal ferramenta para essa operação de ocultação de origem dos fundos era a conversão e movimentação em criptomoedas. Este método permitia que o grupo desviasse e ocultasse grandes quantidades de dinheiro de forma rápida e segura, dificultando o rastreamento pelas autoridades.

Os ‘tripeiros’ e o papel do PCC

Nesta fase da operação, o foco também recaiu sobre os chamados ‘tripeiros’, que são integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) responsáveis por alugar contas bancárias de terceiros. Esses indivíduos desempenhavam um papel crucial na lavagem do dinheiro obtido com os golpes, utilizando inclusive casas de câmbio no Paraguai para esse fim.

A operação identificou que o grupo conseguiu lavar cerca de R$ 13 milhões nos últimos dois anos, provenientes de estelionatos cometidos em todo o Brasil. A quadrilha chegava a faturar aproximadamente R$ 20 mil por dia, evidenciando a escala e a eficiência do esquema criminoso. A divisão dos lucros era rigorosamente delimitada: os administradores dos sites e perfis clonados ficavam com 50%, os ‘tripeiros’ com 30%, e os responsáveis por ceder as contas bancárias com 20%.

Impacto e medidas judiciais

Além das prisões, uma medida crucial foi tomada pelo Juízo de Garantias do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), que determinou o bloqueio e a liquidação de criptomoedas ligadas aos investigados. Esta ação é fundamental para enfraquecer a base financeira da quadrilha, impedindo o reinvestimento dos lucros ilícitos em novas atividades criminosas.

Desde o início da Operação Sem Reservas, em novembro de 2024, o foco tem sido desmantelar cada parte do esquema. Na primeira fase, foram presos três indivíduos responsáveis por administrar os sites fraudulentos. A segunda fase, em março de 2025, resultou na prisão de oito pessoas envolvidas na criação das páginas clonadas. Ao todo, 83 vítimas no Distrito Federal foram identificadas, todas lesadas pelo golpe das falsas pousadas.

Reflexões sobre crimes financeiros

De acordo com o delegado-chefe da 18ª DP, Fernando Cocito, o caso é um reflexo claro da evolução dos crimes financeiros. Ele destaca que, nos últimos anos, os golpes migraram do ambiente presencial para o virtual, com a criptolavagem se tornando uma realidade assustadora. ‘A facilidade de enviar criptomoedas para qualquer lugar do mundo em questão de segundos é um desafio significativo para as autoridades’, comentou Cocito.

Esta operação ressalta a importância de se manter atualizado sobre as estratégias usadas por criminosos para enganar e roubar. As forças de segurança enfrentam desafios cada vez maiores com a sofisticação dos crimes digitais, e a Operação Sem Reservas é um exemplo de como a tecnologia pode ser usada tanto para o mal quanto para combatê-lo.

Nos últimos anos, os golpes deixaram de ser presenciais e migraram para o ambiente virtual. Nesse cenário, a criptolavagem já é uma realidade, impulsionada pela facilidade de enviar criptomoedas para qualquer lugar do mundo em questão de segundos.

Fonte: correiobraziliense.com.br

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