Transplante renal: o que é, como é feito, riscos e recuperação

O transplante renal é substituição do rim doente por outro saudável, proveniente de um doador compatível, sendo indicado para pessoas com doença renal avançada, de forma a substituir a função do rim doente, melhorando a qualidade de vida.

Essa cirurgia, também conhecida como transplante de rim, é feita quando existem danos graves no rim que prejudicam a sua função de filtrar e eliminar toxinas do organismo, assim como manter o equilíbrio de água e minerais no corpo.

O transplante renal deve ser indicado pelo nefrologista e o tempo de recuperação geralmente é de cerca de 3 meses, sendo importante seguir alguns cuidados para a recuperação, como tomar os remédios indicados pelo médico e fazer uma alimentação balanceada, conforme orientação do nutricionista.

Quando é indicado

O transplante renal é indicado para a doença renal crônica avançada, causada por:

  • Inflamação crônica dos glomérulos renais, chamada glomerulonefrite;
  • Pielonefrite;
  • Doença renal policística;
  • Tumor renal;
  • Isquemia crônica ou aguda do rim, em que ocorre uma diminuição do fluxo sanguíneo no rim;
  • Nefropatia de refluxo, nefropatia por IgA ou nefropatia falciforme;
  • Bloqueio ao fluxo urinário, chamado uropatia obstrutiva, que pode afetar um ou os dois rins;
  • Alterações congênitas nos rins;
  • Lesão renal progressiva causada por pressão alta ou diabetes mal controlados;
  • Síndromes, como síndrome hemolítico-urémica, síndrome de Goodpasture ou síndrome de Alport. 

A doença renal crônica avançada é quando existe lesão no rim que persiste por mais de 3 meses, fazendo com que o rim perca a capacidade de filtrar o sangue e eliminar resíduos do organismo. Entenda melhor o que é a doença renal crônica avançada e principais causas.  

O transplante renal é indicado pelo médico quando os danos no rim são irreversíveis, ou seja, quando não é possível recuperar a função do rim ou quando são necessárias múltiplas sessões de hemodiálise por semana.

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Como se preparar para o transplante

O processo de transplante se inicia muito antes da cirurgia, com uma avaliação médica para identificar se existe algum fator que impeça o transplante e avaliar qual o risco de rejeição do novo rim.

Antes de realizar o transplante renal, o médico deve avaliar a compatibilidade do rim do doador, que pode ser um doador vivo ou falecido, desde que seja saudável e não tenha qualquer doença. Esse doador pode ser relacionado ou não com o paciente.

Além disso, de forma a avaliar as condições de saúde e a função do rim do receptor, o médico deve solicitar exames, como exame físico completo, análises de sangue, exames de imagem como tomografia computadorizada ou ressonância magnética.

Como se avalia se o transplante é compatível

Para avaliar se o transplante é compatível são realizados exames de sangue e tipagem do antígeno leucocitário humano (HLA), por exemplo. 

Dessa forma, os doadores podem ser ou não relacionados com o paciente que será transplantado, desde que haja compatibilidade.

Como é feito o transplante

O transplante renal é feito pelo nefrologista, com anestesia geral, em um hospital qualificado e credenciado para realização de transplantes. 

A cirurgia é feita seguindo as seguintes etapas:

  1. Aplicar a anestesia geral no bloco operatório;
  2. Fazer um corte no abdome, para inserir o rim do doador;
  3. Ligar as veias e artérias do rim do doador ao receptor;
  4. Ligar o ureter transplantado à bexiga;
  5. Fechar o corte, dando pontos e colocando um curativo no local.

O rim não afetado da pessoa transplantada normalmente não é retirado, pois sua pouca função ainda é útil, especialmente nos primeiros momentos, quando o rim transplantado ainda não está completamente funcional.

O rim doente só é retirado caso esteja causando infecção, por exemplo.

Entenda melhor com o Dr. Rodrigo Vianna quando a cirurgia de transplante é indicada:

Como é a recuperação

A recuperação após o transplante de rim, na primeira semana, é feita no hospital, com acompanhamento do cirurgião, do anestesista e do enfermeiro, para que possam ser observados de perto possíveis sinais de reação ao transplante e o tratamento possa ser feito imediatamente. 

Nesse período, o rim transplantado deve começar a funcionar normalmente, o que pode ocorrer imediatamente após a cirurgia ou demorar alguns dias, sendo que nesse caso, é recomendado fazer hemodiálise até que o novo rim comece a funcionar.

O curativo na barriga que protege a cicatriz contra infecções será trocado pelo enfermeiro sempre que houver necessidade e, caso a pessoa sinta dor, o médico poderá receitar o uso de analgésicos.

A partir do momento em que a pessoa encontra-se estabilizada, não há sinais de rejeição e os exames são considerados normais, o médico pode dar alta, sendo importante seguir o tratamento e as recomendações médicas em casa.

Cuidados após o transplante

Os principais cuidados após o transplante renal são:

1. Cuidados diários

Após a alta hospitalar, alguns cuidados diários devem ser seguidos em casa para ajudar na recuperação do transplante renal, como:

  • Tomar os remédios imunossupressores, como prednisolona, azatioprina e ciclosporina, nos horários certos conforme indicado pelo médico para evitar a rejeição do rim;
  • Tomar os antibióticos receitados pelo médico para evitar possíveis infecções;
  • Não realizar atividades físicas nos primeiros 3 meses;
  • Realizar exames semanais durante o primeiro mês, espaçando para duas consultas mensais até o 3º mês devido ao risco de rejeição do órgão pelo organismo;
  • Evitar fumar;
  • Evitar o contacto com pessoas doentes e locais poluídos.

A recuperação total do transplante, geralmente dura cerca de 3 meses e após esse período, o médico pode recomendar atividades físicas, como caminhada ou natação, por exemplo, feitas com a orientação de um educador físico, para que se possa controlar o peso e prevenir complicações do transplante renal, como aumento da pressão arterial ou do colesterol.

2. Cuidados com a alimentação

A dieta para o transplante renal deve ser orientada por um nutricionista e normalmente, deve ser mantida de forma rigorosa até os valores de exame de sangue estarem estáveis, sendo recomendado:

  • Comer vegetais e frutas, pelo menos 5 porções por dia; 
  • Consumir alimentos ricos em fibra, como cereais e sementes, todos os dias;
  • Aumentar a quantidade de alimentos com cálcio e fósforo, como leite desnatado, amêndoa e salmão, em alguns casos tomar um suplemento indicado pelo nutricionista, para manter os ossos e dentes fortes;
  • Não consumir sódio, que é encontrado no sal de cozinha e alimentos enlatados e congelados, para ajudar a controlar a retenção de líquido, inchaço e pressão alta;
  • Consumir carnes magras, como frango ou peixe, nas quantidades recomendadas pelo nutricionista;
  • Fazer uma dieta pobre em açúcares, como doces, pois levam ao aumento rápido do açúcar no sangue, devendo-se optar por carboidratos, encontrados no arroz, milho, pão, massas e batata. Confira os alimentos ricos em açúcar que devem ser evitados;  
  • Evitar consumir alimentos gordurosos e frituras;
  • Evitar bebidas alcoólicas, pois prejudicam o funcionamento do fígado;
  • Limitar a quantidade de potássio, encontrado na banana e laranja, por exemplo, pois a medicação aumenta o potássio. Veja alimentos ricos em potássio que devem ser evitados;   
  • Não ingerir legumes crus, optando por cozer, lavando sempre com 20 gotas de hipoclorito de sódio em dois litros de água, deixando repousar por 10 minuto;
  • Não comer marisco, gemada e embutidos;
  • Guardar os alimentos na geladeira apenas por um período de 24 horas, evitando comer comida congelada;
  • Lavar muito bem a fruta e optar por fruta cozida e assada;
  • Beber líquidos para hidratar o corpo, nas quantidades recomendadas pelo médico e nutricionista.

É importante seguir as recomendações do nutricionista e manter uma dieta equilibrada e variada para ajudar a controlar o peso e manter o bom funcionamento do organismo, de forma a evitar a rejeição do rim transplantado, diminuir o risco de desenvolver infecção ou complicações, como doenças cardiovasculares, diabetes ou pressão alta.

Possíveis riscos e complicações

Alguns riscos e complicações que podem surgir após o transplante renal são:

  • Rejeição do rim transplantado;
  • Infecção na cicatriz cirúrgica;
  • Infecções urinárias ou generalizadas;
  • Formação de coágulos no sangue ou trombose;
  • Obstrução urinária;
  • Sangramento ou hemorragia.

Embora sejam raros, também podem ocorrer complicações da anestesia geral como reações anafiláticas, náuseas, vômitos, queda da pressão arterial, calafrios, tremores, febre, infecção, por exemplo. 

Além disso, também podem surgir efeitos colaterais dos remédios imunossupressores, como aumento do peso, osteoporose, diabetes, inchaço corporal, alterações na pele e mucosas, como acne ou aftas, aumento do risco de câncer de pele ou linfoma, ou aumento da quantidade de pelos no corpo, especialmente no rosto das mulheres.

Sinais de alerta para voltar ao médico

É importante consultar o nefrologista ou procurar o pronto socorro mais próximo caso surjam sintomas como febre superior a 38ºC, ardor ao urinar, inchaço ou aumento de peso repentino, diarreia tosse frequente ou dificuldade para respirar.

Além disso, também deve-se ir ao hospital caso surjam sintomas de infecção no local da cicatriz, como inchaço, calor e vermelhidão.

Rejeição do transplante renal

A rejeição do transplante renal pode surgir minutos ou horas após o transplante, sendo chamada de rejeição hiperaguda, caracterizada por febre e ausência da produção de urina, e embora seja muito rara, deve ser tratada imediatamente através da cirurgia para remover o rim transplantado.

Além disso, a rejeição pode ocorrer uma semana ou até três meses após o transplante, sendo conhecida como rejeição aguda, ou ainda se desenvolver ao longos dos anos, deteriorando lenta e progressivamente a função do rim transplantado, sendo chamada de rejeição crônica.

A rejeição do transplante do rim pode ser detectada através de exames de sangue, geralmente mostrando creatinina elevada após o transplante renal, ou exames de imagem. Para confirmar a rejeição renal, o médico deve solicitar uma biópsia do rim, para avaliar no laboratório e identificar alterações no tecido renal transplantado. Veja como é feita a biópsia renal.

Sintomas de rejeição do transplante renal

Os principais sintomas da rejeição do transplante renal são:

  • Febre;
  • Aumento da sensibilidade ou dor no local do transplante;
  • Inchaço dos pés, tornozelos ou mãos, ou inchaço generalizado;
  • Aumento de peso rápido e repentino;
  • Pressão alta;
  • Diminuição da produção de urina;
  • Cansaço excessivo;
  • Dor no corpo;
  • Dor de cabeça;
  • Calafrios;
  • Náuseas ou vômitos;
  • Diarreia.

Esses sintomas devem ser comunicados imediatamente ao médico, para que sejam avaliados e iniciar o tratamento necessário o mais rápido possível.

Contraindicações do transplante

O transplante é realizado de acordo com as condições de saúde de cada pessoa, sendo contraindicado para quem tem câncer metastático, incapacidade de tolerar a cirurgia devido a doença cardíaca ou pulmonar graves ou infecções ativas não tratadas.

Além disso, também pode ser contraindicado para pessoas com o uso ativo de drogas ou problemas psiquiátricos não tratados.

Essas condições devem ser avaliadas individualmente pelo médico, que irá verificar os benefícios e os riscos relacionados a esse procedimento.

Fonte e Artigo Original Clica Aquí No tuasaude.com

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